domingo, 22 de maio de 2011

'Confissões' de Santo Agostinho





Interroguei a terra e tudo o que ela contém.

Ela me disse: “não sou eu”.

Interroguei o mar, os abismos e os seres que os povoam,

Responderam-me: “Não somos o teu Deus, procura outro”.

Interroguei o vento e o ar com seus habitantes,

Disseram-me: “Anaxímenes se engana, eu não sou Deus”.

Interroguei o céu, o sol, a lua e as estrelas,

Disseram-me: “Nós também não somos o Deus que procuras”.

Perguntei então aos seres que estão à portas de minha carne:

Desse Deus, que não sois vós, dizei-me alguma coisa”...

Então, com voz forte, exclamaram: “Foi Ele quem nos fez”.

Minha interrogação é minha reflexão interior.

A resposta deles é o lado externo.

Tornei-me, então, para mim mesmo

E disse-me a mim mesmo: “Quem és tu?”

E eu respondi: “Um homem, eis o que sou”.

Dois lados, porém se apresentam a mim:

Um externo, outro interno: corpo e alma.

Os dois me ajudaram a encontrar Deus.

A vida de meu corpo é minha alma

Mas a vida de minha alma és tu.

Tarde te amei

Estavas dentro de mim

Mas eu estava fora.

Estavas comigo e não estava contigo ...

Tocaste-me: inflamei-me pela paz que me destes”.





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