quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

John Lennon, São Francisco, Gandhi


Ontem à tarde, o sol no céu me lembrou o Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis. “Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas, especialmente pelo irmão Sol”.
Pensava no que o Santo teria sentido para louvar o sol e tudo o que foi criado,
na beleza do que estava vendo, no seu sentimento.
Ao voltar da caminhada, a lembrança de John Lennon veio a mim.
O seu jeito de cantar, o seu sentimento, o que nos deixou nas suas canções.
Gandhi veio também è lembrança.
“Guia-me, amável luz, a través da escuridão circundante, guia-me adiante”.
Partilho estas coisas agora, quando o sol já está no céu, e o dia já começou.

Rolando Lazarte

Pequeno Esclarecimento - Mario Quintana


'Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns superticiosos,

nem sujeitos a ataques súbitos de levitação.

O de que eles mais gostam é estar em silêncio -

um silêncio que subjaz a quiasquer escapes motorísticos e declamatórios.

Um silêncio..

Este impoluivel silêncio em que escrevo e em que você me lê.

Que neste impoluível silêncio você tenha o verdadeiro e mágico encontro consigo mesmo.'


Mario Quintana


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Filosofia de vida - Rolando Lazarte


Com o passar do tempo, podes ter ido incorporando uma noção equivocada acerca de ti mesmo, de quem és, da pessoa que em verdade aninha nesse corpo. O trabalho do sistema capitalista é o do estranhamento da pessoa, o de fazer com que, de fato, não nos queiramos como somos. Os nossos pais, a cultura, as pessoas em volta, funcionam como mãos executoras dessa tarefa perversa, a alienação, o processo pelo qual vais te distanciando de ti mesmo e de ti mesma. Mas a solução não é esbravejar contra a nossa família ou contra o sistema em abstrato, contra as classes dominantes, contra a educação que tivemos, contra os fatos que nos tocou viver. Isso tudo é um jogo de dominó que apenas começa a se desfazer desde dentro, num trabalho construtivo de recuperação da própria identidade, da noção do ser autêntico que cada um de nós, é, do que podemos, do amor que nos cabe ter por nós mesmos. O nosso passado é o estrume donde brota a planta, donde nasce a flor.

Rolando Lazarte

DESEJOS - Victor Hugo


Desejo primeiro, que você ame, e que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer e esquecendo não guarde magoa.
Desejo pois, que não seja assim, mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos, que mesmo maus e inconseqüentes, sejam corajosos e fiéis,
e que em pelo menos num deles você possa confiar sem duvidar,
e porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos;
nem muitos, nem poucos, mas na medida exata para que, algumas vezes,
você se interpele a respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
para que você não se sinta demasiado seguro.


Desejo depois que você seja útil, mas não insubstituível.
E que nos maus momentos, quando não restar mais nada,
essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.


Desejo ainda que você seja tolerante; não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que fazendo bom uso dessa tolerância,
você sirva de exemplo aos outros.


Desejo que você sendo jovem não amadureça depressa demais, e que sendo maduro,
não insista em rejuvenescer e que sendo velho não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram por entre nós.


Desejo por sinal que você seja triste; não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra que o riso diário é bom; o riso habitual é insosso e
o riso constante é insano.


Desejo que você descubra, com o máximo de urgência,
acima e a despeito de tudo, que existem oprimidos,
injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.


Desejo ainda que você afague um gato, alimente um cuco e ouça o João-de-barro
erguer triunfante o seu canto matinal; porque assim, você se sentirá bem por nada.


Desejo também que você plante uma semente, por mais minúscula que seja,
e acompanhe o seu crescimento, para que você saiba
de quantas muitas vidas é feita uma árvore.


Desejo outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano coloque um pouco dele na sua frente e diga "Isso é meu", só para que fique bem claro quem é o dono de quem.


Desejo também que nenhum dos seus afetos morra, por ele e por você,
mas que se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar.


Desejo por fim que você sendo um homem, tenha uma boa mulher,
e que sendo uma mulher, tenha um bom homem e que se amem hoje,
amanhã e no dia seguinte, e quando estiverem exaustos e sorridentes,
ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer, não tenho nada mais a te desejar.

Victor Hugo

SE - Mahatma Gandhi



Se...

Se eu pudesse deixar algum presente a você,
deixaria acesso ao sentimento de amar a vida dos seres humanos.
A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora...
Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem.
A capacidade de escolher novos rumos.
Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável:
Além do pão, o trabalho.
Além do trabalho, a ação.
E, quando tudo mais faltasse, um segredo:
O de buscar no interior de si mesmo
a resposta e a força para encontrar a saída."

Mahatma Gandhi

O que buscamos


'Dizem que tudo o que buscamos, também nos busca e, se ficarmos quietos, o que buscamos nos encontrará. Há algo que leva muito tempo esperando por nós. Enquanto não chega, nada faça. Descanse. Você verá o que acontece enquanto isto'.