domingo, 12 de julho de 2009

Feliz Ano Novo?!


foto de Fernanda Pineda - fake-doll.com

Feliz Ano Novo?!

Dia 31 de dezembro. Quase todos os amigos foram viajar, as pessoas estão em festa, cinco minutos para meia-noite e as pernas tremem. Mil pensamentos na cabeça, a maioria deles sobre desejos de um ano que marque a vida com mudanças, que venha aquele emprego que nunca chegou que traga aquele romance inesperado ou uma viagem inesquecível, fogos explodem sob o céu cinzento da capital paulista.
Não sei quanto a vocês, mas todo ano novo eu independente de onde esteja, faço uma revisão do ano inteiro que passou, nesse período, meu humor fica alterado e minhas relações pessoais mais intensas, e especialmente no dia da virada, é só nos planos e desejos futuros que penso.
Se estou na cidade grande, estou triste por não estar na praia, se estou na praia, lembro da família que ficou na cidade grande.
Pois bem, nos aproximamos do meio do mês que marca o meio do ano. Resolvi desde janeiro adotar um método diferente esse ano. O de fazer essa revisão passada e marcar o não feito e os desejos futuros agora. É muito mais lógico do que em dezembro, não acha?
Até agora, fiz uma revisão da minha vida. Consegui mudar boa parte das minhas relações pessoais para melhor. Consertei algumas amizades que andavam fragmentadas, descartei outras que não valiam à pena cuidar. Cuidei das minhas expectativas quanto ao futuro e até adiei os cursos de língua pra mais tarde, isso faz parte do ajuste de buscar só fazer o que posso e não me cobrar de maneira sobrenatural como aconteceu no ano passado.
Atravessei o ano fazendo um projeto de trabalho, achei que ia dirigir uma associação que uma colega está fundando, achei melhor me re-posicionar e agora trabalho como consultor. Decidi “botar a mão na massa” em mais alguns projetos, estão caminhando e quem sabe no segundo semestre eu os apresente.
Li uns quatro livros dos vinte comprados até agora no ano. Dois me marcaram bastante, talvez tenham feito parte de uma reforma grande da auto-estima que venho buscando. Ainda penso naquela viagem para fora do país, mas ainda continuo com o medo limitante de avião e algumas outras barreiras pra enfrentar, prometi há um mês tirar o passaporte, como diz uma amiga “just in case”.
Baixei um pouco minhas ansiedades com agulhas espalhadas pelo corpo. Fiz o “vodu do bem”, quem freqüenta qualquer tipo de consultório médico por qualquer motivo deveria conhecer a acupuntura como tratamento.
Reformei meu quarto (não tenho certeza se fiz isso esse ano) e com a ajuda de bons amigos arranquei armários e angústias velhas e pintei paredes que descascavam.
Comecei a correr, de três a quatro vezes por semana, ainda não emagreci, mas voltei a gostar de acordar cedo e comer melhor, ainda planejo correr uma mini-maratona.
Parei de acusar o mundo pelas minhas limitações e dificuldades. Aprendi a acordar vendo cada dia como oportunidade de mudar tudo que quero. Estou trabalhando para aceitar que nós somos em grande parte responsáveis por nosso cotidiano, se reclamamos dele, algo está errado em nós.
Ainda tenho outros tantos projetos a cumprir. Luto contra o auto-boicote diariamente. Não conheço um ser humano que não procrastina de vez em quando um plano, um projeto, um desejo. Isso é meio que óbvio, já que quase sempre a cobrança é desleal, nossa e dos outros.
Estamos em julho, seis meses ainda virão pela frente. Vou passar essa semana trabalhando no que tenho e planejando o que ainda posso ou o que ainda der tempo de fazer, a contabilidade entre o prometido e o alcançado até agora está boa, se ela estiver perto do equilíbrio será bem possível que você consiga colocar uma quantia grande de paz em sua alma.
Trabalhe por si mesmo, cobre-se menos e faça mais, viva o fracasso como parte do aprendizado, não o supervalorize, nem a ele e nem ao sucesso. Com o tempo vemos que chegar ao sucesso e ocupar o lugar de sucesso são duas coisas diferentes, pense se você está preparado para ser tão bonito, tão rico, tão amado, tão culto, tão malhado, tão amigo, tão superior, tão...
Estamos em julho, seis meses do ano ainda vem pela frente. O que você vai fazer por você e pelo mundo nesse tempo?
por Marcos Kalil Damus
Psicólogo - Especialista em Psicopatologia e Saúde Pública - USP
MBA - Gestão de Pessoas - FGV
Consultoria em Projetos Institucionais - pacokalil@gmail.com

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